Durante muito tempo, as pesquisas nacionais e internacionais sobre nutrição de plantas estiveram dirigidas para o nitrogênio, fósforo e potássio, relegando a segundo plano o magnésio e também o cálcio e o enxofre [1], [2]. Em consequência disso, os agricultores brasileiros foram motivados para o uso de adubação contendo os três primeiros macronutrientes, através das consagradas fórmulas NPK.
O emprego do magnésio em pequena proporção na adubação, através do uso de calcários dolomíticos e calcíticos, nos quais a relação Ca/Mg geralmente não consegue equilibrar as bases na solução do solo, o uso de doses elevadas de potássio, induzindo a deficiência do magnésio, concomitante ao aumento da produtividade das culturas e consequente elevação da exigência e exportação de Mg, têm contribuído para que ocorra uma sensível carência de magnésio em vários importantes polos agrícolas nacionais.
Pela lei do mínimo, o crescimento e a produtividade das lavouras podem ficar limitados por apenas um ou poucos nutrientes, que se encontram em quantidades insuficientes, de nada adiantando ter aplicado muito dos demais.
O magnésio era considerado, até pouco tempo, o elemento mundialmente esquecido na nutrição vegetal [3]–[6]. Vivenciamos o momento que podemos chamar “a redescoberta do magnésio na agricultura”. Nos dias atuais, o magnésio se tornou elemento central – não só na molécula de clorofila – mas também em vários fóruns técnicos nacionais e internacionais.
O primeiro simpósio internacional sobre magnésio na agricultura aconteceu na Alemanha em 2012 e o segundo ocorreu em São Paulo, já em 2014. As publicações deste último evento se tornaram uma edição especial e totalmente dedicada ao magnésio no periódico científico Crop and Pasture Science, volume 66, 12, 2015[1].
Pesquisadores de renomadas instituições agrícolas do Brasil questionam a adequação da denominação “macronutriente secundário”, dando a impressão que o magnésio é menos importante do que nitrogênio, fósforo e potássio, o que é um grande equívoco.
Malavolta, para contornar o imbróglio decorrente dessa classificação da legislação sobre fertilizantes, escreveu: “o magnésio é classificado como um nutriente secundário, mas ele tem um efeito primário na produção vegetal e animal” [7]. Do ponto de vista da nutrição vegetal, nenhum nutriente pode ser considerado secundário [8].
Em princípio, existem duas razões para que a deficiência de magnésio ocorra: a deficiência absoluta, que corresponde à falta do nutriente no solo, e a induzida, gerada pela competição ou antagonismo com outros cátions, mesmo que nutriente esteja presente em níveis adequados no solo. Os sintomas de deficiência de magnésio têm sido cada vez mais frequentes em lavouras cafeeiras [9]–[11], principalmente naquelas que recebem adubações potássicas elevadas, decorrentes do uso rotineiro, que não levam em consideração os resultados de análise do solo. Em 2010, Matiello [12], utilizando 6.500 amostras de folhas de café coletadas nas regiões de Minas Gerais e São Paulo, Figura 1, constatou que 66% das amostras apresentavam-se deficientes em magnésio, ou seja, com teor foliar abaixo considerado adequado para o cafeeiro de 0,35% Mg.
A maximização da produtividade, de qualquer cultura, passa necessariamente pelo estabelecimento de uma nova percepção e consciência em relação à nutrição do magnésio.Seria o magnésio o seu elo mais fraco?
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